domingo, 26 de julho de 2009

FAZEDOR DE DESERTOS

Autor: Carlos Henrique Rangel

Onde havia verde,
Povoado de seres
Fiz um grande
Fogo-homenagem...
Homenagem a mim,
Ao que quero.

Povoei o vazio,
De seres gostosos
Suculentos
Em carne e leite.
Ondas brancas
Devastando a terra.
O nada que ficou
Me expulsou
Para outras terras verdes...

Sou fazedor de desertos.
Passeio infinitamente
Em busca do fim.
Meu caminho é torto.
Não é pensado...
Sigo o instinto
Auto destrutivo
E minha vida
É meu epitáfio.

Transformo o mundo
Em minha alma vazia.
Ao final,
O que sobrar,
Se sobrar,
Me fará pensar
Em mundos...

Haverá outros mundos?
Sou incansável
Fazedor de desertos...
BASTA
Autor: Carlos Henrique Rangel

Tomei a liberdade
De dizer
Basta!
Meu passado me
Interessa
E o seu.
Não quero
O eterno presente
Vazio
E o futuro
De ficção
Sem visão.
Meu passado
É presente
No meu dia a dia
E vejo na esquina.
O seu, não é só seu.
Nada é meu
Nada é seu
Quando tudo
É coletivo
Nesse universo
De memória.
Não desfaça
Do que é meu
O que é seu
É meu...
Um tijolo...
Um tijolo
Me constrói.
Meu passado
Me interessa
E o seu...
E eu disse:
Basta!
CONTINUANDO
Autor: Carlos Henrique Rangel

“As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.”
E ficam...
Na fotografia na parede...
Na mente...
Na cicatriz do corpo e da alma...
Ficam no cheiro cotidiano.
No bater de portas...
No choro de criança.
No sorriso de um ancião...
Ficam nos sonhos e suas frustrações...
Ficam...
TEMPLO
Autor: Carlos Henrique Rangel

Quantos pisaram esse chão?
Quantos cantaram
Essa canção?
Quantas lágrimas...
Quantas?
Milhares de olhos
Viram esse altar
E adoraram como eu.
A santa abençoa
Minha fé
Em sua rotina
De séculos.
Sou mais um
A prostrar pedindo graça
E dou graças
Em poder presenciar
O passado.
Vejo o que viram.
Ouço o que ouviram.
E o perfume de fé
É o mesmo...
Esse ouro velho
Brilha em meu peito...
Os anjos sobre
Minha cabeça
Me salvam o dia.
Ó admirável mundo
Que fez criaturas
Assim...